Redes imobiliárias. Um caminho para a inovação

Num momento em que as startups ocupam o centro das atenções, cabe uma pausa para analisar uma inovação que vem mexendo com o mercado há muitos anos: as redes organizacionais. Para quem não conhece, saiba que não são mais novidade e que há décadas vêm produzindo resultados relevantes, independente do segmento de mercado.

O conceito não é novo, mas ainda restam muitas confusões acerca do tema. Navegando pelas discussões acadêmicas, é importante compreender, em primeiro plano, a diferença entre rede organizacional e aliança estratégica.

Nesse sentido, entende-se que as diferenças entre redes e outros tipos de alianças ou associações residem fundamentalmente no fato das primeiras reunirem um conjunto de características que lhes confere uma dimensão estratégica singular. Pode-se dizer: (1) uma rede resulta de um conjunto coerente de decisões; (2) é um meio para desenvolver uma vantagem competitiva sustentável; (3) tem um impacto organizacional de longo prazo; (4) é um meio para responder às oportunidades e ameaças externas; (5) é baseada em recursos organizacionais que mostram forças e fraquezas; (6) afeta decisões operacionais; (7) envolve todos os níveis hierárquicos da organização; (8) é influenciada pelo seu contexto cultural e político; (9) envolve, direta ou indiretamente, todas as atividades da organização e (10) apresenta notável integração e compartilhamento de informação entre seus atores.

São atributos notáveis e que envolvem ganhos e custos igualmente importantes. Se por um lado o modelo proporciona benefícios, sobretudo no âmbito da tecnologia, práticas comerciais e crescimento dos negócios, noutra face a mudança organizacional e a construção de um ambiente de confiança, constituem mudanças profundas no dia a dia das empresas.

Sem dúvida é uma ruptura do modelo tradicional em direção ao sistema colaborativo e compartilhado, sempre em busca de vantagens competitivas. Em seu livro, Nem mercado nem hierarquia: redes organizacionais, POWELL,W (1990), alertou, antes do surgimento da WEB, sobre a existência de uma nova forma de organização econômica, as redes entre empresas, admitindo inclusive a emersão de uma nova forma de organização social. Confere com o momento em que vivemos?

Por outro autor, “os recursos que as empresas podem adquirir ao participarem de redes estratégicas bem estruturadas as capacitam a obter retornos superiores em uma multiplicidade de ambientes, formando um valioso capital social. Estes recursos assumem várias formas como, por exemplo, vantagens informacionais. Estas emergem conforme as redes sociais moldam o fluxo de informação, dando margem ao surgimento de novas oportunidades de negócios, à medida que a confiança entre os agentes passe a caracterizar seus relacionamentos” (TROCCOLI; MACEDO-SOARES, 2001).

As vantagens informacionais não resumem apenas ao know how, mas ao acesso à tecnologia por meio de ganho de escala, uma das principais vantagens das redes. Isso tem se comprovado por meio dos resultados apresentados por algumas redes, como é o caso da Netimóveis. Pioneira no Brasil, operando desde outubro de 1995, a Netimóveis vem demonstrando notável capacidade de entrega, razão pela qual retém os seus membros há mais de duas décadas. A demanda por instrumentos de diferenciação, proteção e competitividade, tem como contrapartida, o acesso a tecnologias e conhecimentos que, isoladamente, seriam muito mais caros e penosos.

Não faltam exemplos de sucesso como o da Netimóveis, presente em diversos estados no Brasil. Hoje é possível encontrar redes organizacionais em quase todos os segmentos, comprovando que os resultados compensam os esforços. A competição extrema e a consequente compressão dos lucros, estão movendo as organizações compulsoriamente em direção do compartilhamento, sob pena de sucumbirem. Em seu livro, A Sociedade em Rede, CASTELLS (2005) registra que a habilidade das sociedades dominarem a tecnologia, sobretudo aquelas que atuam estrategicamente em processos de mudanças históricas, podem determinar a capacidade de transformação das sociedades, traçando o seu destino conforme a direção à qual orientam o seu potencial tecnológico. Isso envolve grande capacidade de pesquisa, desenvolvimento e sobretudo, fôlego financeiro.

Nessa mesma esteira, as novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade, que buscam transformar informação em conhecimento e, no passo seguinte e imediato, em vantagens competitivas que rompem ou alteram o fluxo atual dos processos. Isso reitera a necessidade constante de atualização para enfrentar as inovações que podem ameaçar os mercados. A operação em rede tem se mostrado eficaz nessa busca constante pela inovação, preservação e aprimoramento dos negócios, realidade bem conhecida das empresas que optaram por esse formato organizacional.

 

Ariano Cavalcanti de Paula